segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quilombolas ocupam o Incra por titulação em Morro Alto

Desde as 10h de hoje, cerca de 40 quilombolas estão na sede do Incra, em Porto Alegre, para pressionar pela titulação do Quilombo de Morro Alto. Esta é uma das comunidades pioneiras na luta quilombola no Brasil. No início da década de 60, Manoel Chico (o mais idoso quilombola da comunidade e também presente no Incra neste momento. o segundo na foto a partir da esquerda) foi preso político em virtude de liderar mobilizações para o resgate de suas terras.


No século 19, Rosa Osório Marquez deixou em testamento sua fazenda para 24 escravos. Mas o estado brasileiro não cumpriu a lei e assentou famílias de imigrantes em parte dela.

A partir do ano 2000, a comunidade entrou com processo no Ministério Público Federal requerendo o reconhecimento e titulação do território. Hoje, também reivindica indenização pela duplicação da BR 101, que avança sobre a área em que vivem.


O INCRA demora para publicar o relatório técnico de identificação no Diário Oficial da União, o que assegurará a titulação, e que está prometido para acontecer desde agosto de 2009.

Os quilombolas e integrantes de movimentos sociais aguardam no Incra a presença do procurador que pediu vistas ao processo, o que está emperrando o trâmite para que as terras sejam regularizadas em nome de seus legítimos donos.


Nas fotos, quilombolas e superintende do Incra no RS conversam hoje pela manhã.

Aqui, vídeo que o Coletivo Catarse produziu recentemente sobre a situação do quilombo de Morro Alto:

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Um tal Sr Volante em POA, espero que um carro a menos

Por Cíntia Barenho. Publicado em Centro de Estudos Ambientais.


Este desenho animado(abaixo) eu vi várias vezes quando era “pequena”, mas é meu companheiro que sempre lembra o dito cujo. Porque as pessoas transformam-se ao estar atrás do volante? Por quê o trânsito é tão mortal quanto uma guerra, especialmente com os jovens? Por quê as cidades são estimuladas e projetadas para uso de carros? Puxa são tantos os porquês…



Desde que vim viver em Porto Alegre quis participar da Massa Crítica. Primeiro faltava a bicicleta. Depois começou a faltar tempo em função das minhas viagens de trabalho. Mesmo não podendo pedalar com o coletivo, sempre me preocupei em divulgar e estimular que outras pessoas juntem-se a esse movimento, que busca refletir que bicicleta também é um meio de transporte, que os ciclistas tem o direito de ir e vir como os motoristas de carro, que um carro a menos é algo que devemos começar a pensar para as nossas cidades.

Mesmo não acompanhando a Massa Crítica, já andei algumas vezes de bici pelas ruas de POA. Andei não a passeio, mas sim me utilizando desse veículo como meio de transporte. Infelizmente fiquei apreensiva e com um certo medo algumas das vezes. Primeiro porque há um bando de machistas, que além de se acharem donos da pista, acham-se no direito de assediar as mulheres que estão utilizando uma bicicleta (vide um relato de ciclistas postado AQUI ). Segundo, porque não há, obviamente, ciclovia/ciclofaixa na qual você possa trafegar com um mínimo de segurança: é motorista que abre a porta do carro sem olhar para o lado; é motorista que não utiliza o pisca para sinalizar que irá dobrar; é motorista que avança o sinal vermelho e por ai vai….Terceiro poderíamos dizer a dúvida que temos de onde estacionar nossa bicicleta: dificilmente encontramos um bicicletário, mas mesmo encontrando ou não, ficamos receosos se ao voltar nossa bicicleta ainda estará por lá (veja exemplos AQUI) . Poderia numerar outros motivos, mas esses já me parecem suficientes…

Utilizar a bicicleta para me locomover pouparia muito do meu tempo, que utilizo caminhando, no entanto, como trafegar com bicicleta se a cidade não está nem ai para o ciclista? Como trafegar de bicicleta se o diretor da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o senhor Vanderlei Cappellari, diz para um tal jornal (que não mais tem espaço nesse blog) que não havia sido avisado sobre a ação de andar de bicicletas, promovida pela Massa Crítida de POA. Quer dizer que agora para sair às ruas devemos informar à EPTC? Será que o motorista criminoso, que felizmente já foi identificado, avisou a EPTC que “brincaria de boliche”, com as pessoas que de forma saudável e crítica andavam de bicicleta pelas ruas da Cidade Baixa?

Enfim, minha solidariedade e minha indignação a todos e todas que estavam no massa crítica de ontem e foram brutalmente feridos. Sigo com a perseverança que para ser “Total Flex” não é necessário ter um automóvel que de forma um tanto enganosa, brinca de ser “menos poluente” ou “mais livre”, pois o motorista pode escolher o combustível. Tal perseverança é de que possamos escolher, ou melhor, sermos livres para escolher se vamos de carro ou a pé, se vamos andar de bicicleta ou optar por um transporte público de qualidade e com preços justos.

Vida longa a todos aqueles que buscam uma melhor qualidade de vida e alternativas sustentáveis de mobilidade urbana! Vida curta a todos os senhores do volantes… criminosos no trânsito!

Em tempo, vale conferir o post recente do massa crítica>> Absurdo. A RBS continua usando o termo acidente para descrever a tentativa de homicídio.

Assembléia hoje do movimento Massa Crítica

por Massa Crítica

Depois do ocorrido na Massa de ontem, acredito que estamos todxs com os ânimos exaltados. Estive aqui com outros companheirxs acompanhando os jornais, twitter, blogs, trocando telefonemas, emails, enfim. É muito bom ver a comoção de quem estava lá (e de quem não estava também) funcionando diretamente contra a contra a grande mídia, que tentou de diversas formas culpar xs participantes da Massa pelo “acidente”, incitar a dúvida e deslegitimar nosso ato.

Foi muito bom também ver que todxs continuaram lá. Está se falando muito do atropelamento, mas sofremos muito nas mãos das autoridades também. A BM chegou e nos disse para dispersar, liberar a pista, e quem quisesse que fosse prestar BO na delegacia. Nos negamos. Se tivéssimos nos dispersado, teria sido perdida a força solidária que se gerou ali após o atentado. A EPTC se preocupou apenas em, como sempre, garantir a circulação dos carros. Uma unidade da BM chegou a aparecer armada no local, com os fuzis virados para nós. A intenção não era nos proteger, era nos reprimir.

Quando a Polícia Civil finalmente chegou (quantas horas depois?), a má vontade deles foi lamentável. Cada ação tomada por eles não foi resultado do cumprimento da sua obrigação, mas sim de nossa constantes reivindicações. Se dependesse das autoridades, a pista teria sido liberada minutos depois do atropelamento em massa e o caso nunca ganharia a notoriedade que ganhou nos noticiários.

O que estou tentando dizer é que o pouco que conquistamos até agora foi resultado da força espontânea, autônoma e horizontal característica da Massa. Não somos um grupo uniforme, pelo contrário, a heterogeneidade é o que nos define. Algumxs pedalam por lazer, outrxs usam a bicicleta como transporte, há aquelxs que trabalham pedalando e também aquelxs que ainda estão aprendendo a andar de bici.

A Massa é um ponto de convergência móvel para todxs que sentem a opressão do trânsito caótico e carrocêntrico no topo de suas bicicletas ou mesmo a pé. É importante que nos mantenhamos assim: que este infeliz episódio sirva para agregar mais pessoas à Massa, trazer mais vozes e diversificar nosso discurso. O que não podemos deixar acontecer é que a pressão que sofremos (da BM, EPTC, mídia, comentários covardes aqui no blog, etc) funcione de forma a tornar o discurso da Massa único.

Faço mais uma vez o convite: vamos todxs hoje nos reunir na assembléia e construirmos juntxs a pauta e as ações a serem tomadas a respeito. Lembrando que a Massa não chegará a um ponto comum em certos assuntos porque ela não pode ser homogênea, uma vez que a diversidade é saudável e é o que nos dá força como Massa Crítica. Não podemos nos culpar pelo que aconteceu ontem e algumas atitudes não devem ser revistas.

O que: Assembléia para discutir curso de ação da Massa
Quando: Neste domingo dia 27, às 17h.
Onde: Cidade da Bicicleta (Rua Marcílio Dias, 1091, quase esquina com a Érico Veríssimo)

Abraços,
Natã.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Massa Critica sob Ataque

Polícia civil trata atropelamento em massa que ocorreu ontem na capital como "lesão corporal sem intenção, mesmo com os vários testemunhos de que o veículo jogou intencionalmente o veículo em cima do grupo de ciclistas que tinha aproximadamente DUZENTAS pessoas, atingindo 10 pessoas.
O grupo de ciclitsta do movimento internacional Massa Crítica, se reúne para pedalar pelas principais ruas da capital gaúcha na última sexta-feira de todo mês.




Apesar das mais de 40 testemunhas sobre a intencionalidade do ocorrido, como os relatos detalhados no site do movimento, a polícia civil está tratando o ocorrido como lesão corporal sem culpa. É mole?


Pela Revolução dos Ciclistas

Ontem, no começo da noite, um motorista jogou seu carro contra um grupo de ciclistas que se encontram na última sexta do mês para celebrar a bicicleta como meio de transporte:



Estas pessoaas estavam participando de um encontro do movimento Massa Crítica. No seu blog, definem como "uma celebração para quebrar a monotonia, mecanicidade e agressividade do trânsito urbano, levando alegria e outros elementos mais humanos – braços, pernas e rostos – ao asfalto."

Ontem, braços, pernas e rostos ao asfalto foram justamente conseqüência do que há de mais desumano:



Ainda na definição do movimento: "Juntos por um trânsito mais humano, por cidades mais bonitas e alegres, por um mundo mais respirável."

NESTE DOMINGO, DIA 27 DE FEVEREIRO, ÀS 17H, VAI ACONTECER UMA ASSEMBLEIA NA CIDADE DA BICICLETA (RUA MARCÍLIO DIAS, 1091), EM PORTO ALEGRE. PEDALE ATÉ LÁ, PELA REVOLUÇÃO DOS CICLISTAS!

Leia também: Fossa Crítica – Reflexões (longas) sobre o Atropelamento em Massa.

Em dezembro, publicamos aqui um vídeo produzido pelo Coletivo Catarse sobre o Massa Crítica:

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O momento em que uma coisa se transforma em outra

É possível aprender com o que colocamos fora, com o que os outros fazem com o que colocamos fora.

Na vida, quem cata algo?

Mais um catador de imagens e palavras, catador de histórias e emoções. Catador do lixo, do seu lixo, do meu, da matéria que se transforma, nos transforma.

É possível sorrir vivendo do lixo, vivendo no lixo. É possível sorrir. É possível montar uma biblioteca com os livros que vão pro lixo. É possível comer do lixo, quando é preciso comer o lixo. E é preciso ver além dele, ver as pessoas. É possível fazer arte, fazer planos. É possível ser triste. Será possível deixar de ser?

No momento em que não é possível mais ser o mesmo porque já nos transformamos em outro, o abraço, o choro. Ainda o passado e ao mesmo tempo o futuro. Tudo o que foi e o que será. Agora.

A passagem pelo próprio descobrimento. Descoberta de alguém que estava dormindo no corpo. É possível aprender quando nos colocamos fora, pra fora, lá fora. Nosso lixo. Nossa riqueza.

Na lanterna, um olho acesso pro escuro. A garota procura pedaços: fatias de plástico, cacos de vidro, restos de alumínio, cabelos de boneca. Nossos pedaços e restos se confundem com os dela. Correm os pés na terra, corre o chorume no olho. No olho, algo que apodreceu se desmancha para vir algo novo:

Mutirão dos Tomates


Mais em Utopia e Luta.

Exibição de O GRANDE TAMBOR em Pelotas

*clique na imagem para ampliar*

O Projeto Tambor de Sopapo desenvolvido pelo Coletivo Catarse está realizando exibições do documentário em Pelotas, neste mês de fevereiro. Na próxima quinta feira será apresentado o filme na quadra da Escola de Samba GENERAL TELLES, seguido do ensaio da bateria que conta com seis tambores de sopapo. Neste ano, a TELLES faz uma homenagem ao centenário do Grêmio Esportivo Brasil.


*Cartaz feito pelo artista gráfico pelotense Emerson Ferreira, do Coletivo Ocupação.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A herança maldita do agronegócio

“O uso dos agrotóxicos não significa produção de alimentos, significa concentração de terra, contaminação do meio ambiente e do ser humano”.


por Manuela Azenha, do Vi o Mundo

Raquel Rigotto é professora e pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Coordenadora do Núcleo Tramas – Trabalho, Meio Ambiente e Saúde, Raquel contesta o modelo de desenvolvimento agrícola adotado pelo Brasil e prevê que para as populações locais restará a “herança maldita” do agronegócio: doenças e terra degradada.

Desde 2008, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos para se tornar o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo dados da Organização das Nações Unidas, é também o principal destino de agrotóxicos proibidos em outros países.

Na primeira parte da entrevista, Raquel fala sobre o “paradigma do uso seguro” dos agrotóxicos, que a indústria chama de “defensivos” agrícolas. De um lado todo mundo sabe que eles são nocivos. De outro se presume que haja um “modo seguro” de utilizá-los. O aparato legislativo existe. Mas, na prática… Raquel dá um exemplo: o estado do Ceará, que é onde ela atua, não dispõe de um laboratório para fazer exames sobre a presença de agrotóxicos na água consumida pela população. Ela começa dizendo que em 2008 e 2009 o Brasil foi campeão mundial no uso de venenos na agricultura.

Na segunda parte da entrevista, Raquel diz que os agrotóxicos contribuíram mais com o aumento da produção de commodities do que com a segurança alimentar. Revela que cerca de 50% dos agrotóxicos usados no Brasil são aplicados na lavoura da soja. Produto que se tornará ração animal para produzir carne para os consumidores da Europa e dos Estados Unidos. Diz que o governo Lula financiou o agronegócio a um ritmo de 100 bilhões de reais anuais em financiamento — contra 16 para a agricultura familiar — e que foi omisso: não mexeu na legislação de 1997 que concedeu desconto de cerca de 60% no ICMS dos agrotóxicos. Enquanto isso, o Sistema Único de Saúde (SUS) está completamente despreparado para monitorar e prevenir os problemas de saúde causados pelos agrotóxicos.

Na terceira parte da entrevista Raquel diz que Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nem sempre tem apoio dentro do próprio governo para tratar do problema dos agrotóxicos. Afirma que é tarefa de pesquisadoras como ela alertar o governo Dilma para a gravidade do problema, já definida por pesquisadores como uma “herança maldita” que as grandes empresas do agronegócio deixarão para o Brasil; doenças, terras degradadas, ameaça à biodiversidade. Ela lembra que o rio Jaguaribe, que corta áreas de uso intensivo de agrotóxicos, é de onde sai a água para consumo da região metropolitana de Fortaleza.

Leia a íntegra da entrevista.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Desaparición de activista ambiental colombiana

por Amigos da Terra Brasil

Organizações da sociedade civil na Colombia denunciaram o desaparecimento da ambientalista Sandra Viviana Cuellar Gallego em Cali, desde o dia 17 de fevereiro. Amigos da Terra Internacional e Censat Agua Viva – Amigos da Terra Colômbia necessitam ajuda para pressionar as autoridades colombianas, para que acelerem a busca de Sandra Viviana.

Sandra é uma engenheira ambiental de 26 anos. Trabalha na proteção de bacias e humedales, assim como na defesa da participação equitativa das comunidades locais nas decisões ambientais que as afetam. Trabalhou com Censat Agua Viva – Amigos da Terra Colômbia nos temas florestais. Seus documentos de identidade foram achados no sábado 19 de fevereiro, junto ao seu telefone celular, em uma zona a cerca de onde devia tomar o transporte público até Palmira, para dirigir-se a Universidade Nacional da Colômbia.

Segundo a denúncia realizada por sua família, a ativista pode ter sido abordada por delinquentes no bairro Belalcazar, acerca da residência de seus pais. Entretanto não se descartam motivos políticos en seu desaparecimento.

Em Cali, o ambientalista Hildebrando Vélez, está liderando os esforços locais na busca de Sandra. O dirigente falou da necessidade de que a comunidade internacional conheça o caso e pressione as autoridades para garantir seu regresso logo. Muitos ambientalistas têm sido asassinados ou desaparecem na Colômbia. Devemos enviar uma mensagem as autoridades colombianas e mostrar-lhes que estamos supervisionado sua resposta. Por favor assine a seguinte carta que será enviada ao Diretor do Programa Presidencial de Direitos Humanos, à Defensoria do Povo e ao Fiscal Geral:

MODELO DE CARTA

Ciudad, fecha

Como defensores de la vida, queremos hacerle llegar nuestra profunda preocupación por el bienestar de la Ingeniera Ambiental Sandra Viviana Cuellar Gallego, joven ambientalista desaparecida en extrañas circunstancias desde el pasado jueves 17 de febrero en Cali, cerca al Puente del Comercio, en la salida hacia Palmira.

Sandra Viviana debía dirigirse a esta ciudad para cumplir compromisos laborales en la Universidad Nacional. La joven ambientalista ha colocado sus esfuerzos en la recuperación del río Cauca y en la defensa del agua. Sandra había trabajado con la Asociación CENSAT – Amigos de la Tierra Colombia y actualmente estaba trabajando por la defensa de una reserva natural cercana al municipio de Yumbo (Valle del Cauca).

Solicitamos vehementemente a las autoridades colombianas, la mayor brevedad en las diligencias policiales y de investigación para hallar con la mayor prontitud a la compañera ambientalista, con tal de garantizar su vida e integridad. Esos son los deseos más importantes de su familia, amigos y compañeros de diferentes organizaciones sociales en América Latina. Instamos a las autoridades colombianas especial atención en este caso. Estaremos muy atentos en el seguimiento de los acontecimientos en Cali para su búsqueda, ya que este hecho, como tantos otros en tierras colombianas, nos llenan de preocupación y tristeza.

Enviar para:

HERNAN JAIME ULLOA VENEGAS hernanulloa@presidencia.gov.co
Director del Programa presidencial de Derechos Humanos y Derecho Internacional Humanitario

WOLMAR ANTONIO PEREZ ORTIZ
Defensor del Pueblo Calle 55 No. 10 – 32 Bogotá D.C. Fax. 640 04 91 defensoria@defensoria.org.co secretaria_privada@hotmail.com

MANUEL TORRES MONERO Personero Municipal de Santiago de Cali personeria-cali@emcali.net.co JORGE IVÁN OSPINA Alcalde de Santiago de Cali alcalde@cali.gov.co Con copia a: comunicaciones@censat.org

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sem alardes, CPMI do MST é oficialmente encerrada

Foi formalmente encerrada a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A instância criada pelos ruralistas para vasculhar as contas do movimento foi coberta com uma pá de cal no último dia 31 de janeiro, sem que o relatório final fosse submetido à votação dos membros da comissão.

Apresentado pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) em 21 de outubro de 2009, o requerimento que criou a CPMI do MST assim definia seus objetivos: “apurar as causas, condições e responsabilidades relacionadas a desvios e irregularidades verificados em convênios e contratos firmados entre a União e organizações ou entidades de reforma e desenvolvimento agrários, investigar o financiamento clandestino, evasão de recursos para invasão de terras, analisar e diagnosticar a estrutura fundiária agrária brasileira e, em especial, a promoção e execução da reforma agrária”.

Leia mais sobre o assunto no Blog da Redação da Repórter Brasil, novo espaço para a divulgação de conteúdos variados que tenham relação com o trabalho desenvolvido pela ONG Repórter Brasil.


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mostra Cultural para o Mestre Baptista

A Catarse participa do movimento de apoio ao Mestre Baptista que realizará uma Mostra Cultural para arrecadar recursos para o tratamento de saúde do Mestre. A Mostra Cultural acontecerá em Pelotas hoje, dia 19 de Fevereiro com as seguintes atrações: KAKO XAVIER e a TAMBORADA, Grupo ODÚ ÈMÍ e Grupo ODARA.

Será exibido o documentário O GRANDE TAMBOR, com a participação do Mestre Baptista, realizado pelo Coletivo Catarse e o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacinal e que reconheceu o Tambor de Sopapo como Patrimônio Imaterial do Brasil.

19 de Fevereiro as 19 horas
Local: Clube Cultural Fica Ahí
Mal Deodoro, 368 - Pelotas - RS
Ingresso R$ 5,00
Toda a renda será revertida para o tratamento de saúde do Mestre Baptista

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O engodo da "Copa Verde"

Na edição de Fevereiro do Jornal do Centro, o artigo do líder comunitário Paulo Guarnieri relaciona o desastre da região serrana do Rio de Janeiro, em que o interesse econômico se sobrepôs ao interesse social e à preservação ambiental, com o ôba-ôba em torno da Copa do Mundo de 2014 em Porto Alegre.

Leia AQUI o artigo.


Veja mais no Comitê Popular da Copa.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

É um feudo ou um pasto?

Quantas vezes alguém já foi contundente desta forma, ao revelar como funcionam as "casas do povo"? Quantos criminosos protegidos pelas assembleias legislativas já ouviram palavras assim, enquanto estavam sentados com suas bundas gordas e arrogantes nas cadeiras de luxo pagas por nós? Quando a deputada começa a falar, o desprezo e o pouco caso nas risadinhas dos deputados. Em seguida, quando ela começa expor a verdade, eles se calam:



Indicação do Bolivar.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Encontro Guarani 2011

O Coletivo Catarse esteve em São Gabriel, entre os dias 4 e 7 de fevereiro, para acompanhar o Encontro Guarani deste ano. Organizado pelo Conselho de Articulação do Povo Guarani, teve a participação de 23 aldeias do Rio Grande do Sul com o objetivo de debater as demandas dos índios junto a Funai - Fundação Nacional do Índio, a Funasa - Fundação Nacional de Saúde e o Dnit - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. O Dnit foi o único que não enviou representante para o debate sobre a BR-116 que corta territórios indígenas. Veja a Reportagem da Catarse:




A demarcação de terras, luta histórica dos Guaranis, continua sendo o principal debate devido aos atrasos de laudos antropológicos e das demarcações de terras. Saúde e Educação também fizeram parte do debate, salientando a falta de água e a não existência de escolas nas aldeias, o que leva muitas crianças a caminhar quilômetros para estudar e gera um alto índice de evasão escolar.

cuRSo de BioconsTRUção no caRnaVal

A busca das tecnologias ancestrais tem como justificativa a potência da nossa própria autonomia.

de 4 à 8 de maRço de 2011

CaSa TieRRa – ECOnsciência

Hoje temos visto cada vez mais, mega obras de infraestrutura de alto custo, para tentar solucionar o problema dos assentamentos humanos, executadas geralmente por grandes empreiteiras. Acreditamos que as soluções devam ser locais, acessíveis e de baixo custo, valorizando as relações de troca e os conhecimentos tradicionais e locais, com respeito à natureza.

A proposta do curso de bioconstrução é apresentar técnicas de construções mais sustentáveis, praticando-as do contexto urbano ao rural de Porto Alegre. Partindo do contexto da cidade consolidada, conheceremos soluções em pequena escala, como do espaço CasaNAT, (centro de referência para edificações sustentáveis no meio urbano) e também no Sítio Recanto das Pedras, na Lomba do Pinheiro, borda entre o urbano e o rural, espaço de moradia, produção e educação ambiental. Seguimos adentrando o rural, no sítio Capororoca, no Lami, espaço de agroecologia, agroindústria, turismo rural e pesquisa. E daí para o Espaço de Conservação Econsciência, situado no Morro São Pedro, em área de Mata Atlântica, ambas localizadas dentro do cinturão verde de Porto Alegre, que, como metrópole, sente os efeitos da expansão desordenada desse modelo globalizado de desenvolvimento. O curso propõe ferramentas e técnicas que possibilitem um olhar crítico e um uso mais sustentável deste espaço.



Programação:

Dia 4 – ABERTURA DO CURSO - Casa NAT (Olavo Bilac, 192 Cidade Baixa)
19:00 – Apresentação dos participantes

20:00 – Dinâmica do curso

21:00 – Aula teórica sobre conceito de bioconstrução; e os Ciclos da Água

22:00 – Encerramento da noite

Dia 5 – MANEJO ADEQUADO DAS ÁGUAS – Sítio Recanto das Pedras (Lomba do Pinheiro)
8:00 – Encontro no centro de Porto Alegre e translado de ônibus de linha até o Sitio

9:00 – Atividades práticas

Montagem da fossa ecológica
Montagem dos leitos de evapotranspiração
Construção da cisterna e montagem do sistema de descarte da água
12:00 – Almoço

13:30 – Alternância das atividades práticas

16:00 – Lanche

16:20 – Alternância das atividades práticas

18:50 – Translado para o Econsciência

21:00 – Janta

Pernoite no Econsciência



Dia 6 – TÉCNICAS DE VEDAÇÃO EM TERRA – Econsciência – Espaço de Conservação
7:30 – Café da manhã

8:15 – Aula teórica sobre técnicas de vedação em terra

9:45 – Atividades Práticas

Taipa de pilão
Mini super adobe em em sacos de pano
Pau a pique
12:00 – Almoço

13:30 – Alternância das atividades práticas

16:00 – Lanche

16:20 – Alternância das atividades práticas

18:30 – Encerramento das atividades práticas

20:30 – Janta

22:00 – Baile

Pernoite no Econsciência



Dia 7 – ACABAMENTOS ALTERNATIVOS – Econsciência – Espaço de Conservação
8:15 – Café da manhã

9:00 – Atividades práticas

Reboco com terra
Tintas Naturais
Mosaico de revestimentos
Reboco com cal
12:00 – Almoço

13:30 – Alternância das atividades práticas

16:00 – Lanche

16:20 – Alternância das atividades práticas

20:30 – Janta

Pernoite no Econsciência

Dia 8 – USO DO FOGO – Sítio Capororoca
7:30 – Café da manhã

8:30 – Translado até o Sitio Capororoca

9:30 – Atividade prática

Fogão a lenha de alta eficiência
Forno a lenha
Serpentina em fogão a lenha
12:00 – Almoço

13:30 – Alternância das atividades práticas

16:00 – Lanche

16:20 – Alternância das atividades práticas

18:30 – Encerramento das atividades práticas e avaliação do curso

19:30 – Retorno a Olavo Bilac


Ministrantes: Equipe Casatierra

Investimento:
Até dia 10 de fevereiro: estudantes – 410 reais ou 3 x 145 reais

profissionais – 460 reais ou 3 x 165 reais

Até dia 25 de fevereiro: estudantes – 450 reais ou 2 x 240 reais

profissionais – 500 reais ou 2 x 260 reais

Até dia 4 de março: estudantes – 480 reais somente à vista

profissionais – 530 reais somente à vista

O valor do curso inclui o transporte ida e volta ao centro de Porto Alegre, pernoite em alojamento coletivo ou camping, café da manhã, almoço, lanche da tarde e janta, material didático e certificado registrado.

Faça sua inscrição pelo e.mail institutoeconsciencia@gmail.com ou curso@econsciencia.org.br; ou pelo fone 51 91050910.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Copa: moradores se mobilizam contra remoções no Cristal e na Cruzeiro

Por Raquel Casiraghi. Fotos de Katia Marko, em Comitê Popular Copa 2014.

Cerca de 200 moradores do bairro Cristal e da Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre, participaram da assembleia realizada nesta quarta-feira (09/02). População não irá aceitar que prefeitura faça remoções para locais distantes, usando como desculpa a Copa do Mundo de 2014. Para visualizar a galeria de fotos clique AQUI.

Aos poucos, os moradores foram se aprochegando ao pátio da Igreja Santa Teresa, na rua Comandaí. Um ou outro chegava com o vizinho ou alguém da família, uma cuia e uma térmica à tiracolo. À medida que os ponteiros se aproximavam das 19h, horário marcado para iniciar a assembleia, o povo começou a vir em grupos; famílias inteiras, mães e pais com seus filhos, todos querendo saber sobre o que iria tratar a reunião. Uma trupe do Levante da Juventude, organização de jovens urbanos, animava com batucadas e cantorias, fazendo a espera passar um pouco mais rápido.


Logo que chegou o carro de som, todos e todas seguiram em caminhada pela rua Comandaí até a avenida Divisa. Foi ali, numa esquina com a junção das duas ruas estradas, que a assembleia começou. As lideranças que organizaram a atividade falaram sobre o projeto da duplicação da Avenida Tronco, uma das obras previstas pela prefeitura de Porto Alegre para a Copa do Mundo de 2014, da qual a cidade é uma das sedes. Embora a prefeitura não tenha divulgado dados oficiais, ela estima a remoção de 1,3 mil famílias para a obra. Para onde ninguém sabe, já que a prefeitura ainda não deu nenhuma informação aos moradores e nem às lideranças.


Mas de uma coisa se teve certeza: as pessoas não querem sair da região. Seu Darci, do Morro Santa Teresa, trouxe a experiência de luta dos moradores do morro, que impediu a venda da área de mais de 70 hectares pela ex-governadora Yeda Crusius no ano passado. Também alertou os moradores da Cruzeiro e do Cristal para as falsas ofertas de melhoria feitas pela prefeitura. "Cuidado com os bônus de R$ 40 mil oferecidos pela prefeitura. Onde vocês vão comprar uma casa regularizada por esse valor? Bem longe daqui, se ainda conseguirem comprar. Ainda podem colocar vocês numa casa de passagem ou oferecem pagar aluguel (aluguel social) por seis meses. Mas depois desse tempo vocês vão para onde? Povo, não aceitem, não se deixem enganar. Lutem por seus direitos!", falou Seu Darci, bastante aplaudido pelos moradores.

Seu Esio, liderança da associação de moradores da Vila Barracão, falou da importância da participação dos moradores na luta contra as remoções. Michele, uma liderança também do Morro Santa Teresa, chamou as mulheres para participarem da luta. "Mulheres, vamos para a rua exigir os nossos direitos!", falou animada.

Copa Sim, mas com respeito aos direitos da população!

Da esquina, os moradores caminharam mais um pouco e bloquearam um trevo, onde está prevista a construção de uma praça, que irá cortar a Avenida Tronco ao meio. Somente para esta obra devem ser removidas 100 famílias. Ali no local boa parte dos moradores já foram avisados pela prefeitura da obra, mas a questionam, principalmente porque sofrem com a falta de infraestrutura. "Moro há 33 anos aqui. Criei os meus três filhos. Esse beco sempre foi assim", disse meio que resignado um senhor já aposentado. "Minha casa é a quarta, neste beco. Pelo projeto, a porta da minha casa vai dar para a avenida", explicou o senhor quando foi perguntado sobre quantas famílias seriam removidas do local.


Uma jovem, com o seu filho no colo, estava indignada. "Quando aqui chove muito, o esgoto transborda. Tenho que carregar meu filho no colo, caminhando no meio do esgoto. Pedimos há tempo para que a prefeitura arrume esse beco e nada. Agora, quer nos tirar para construir uma praça! Precisamos é de melhorias".



No final da assembleia, os moradores decidiram não responder ao cadastro feito pela prefeitura municipal, rejeitar a construção da praça naquele local e de exigir que, se famílias precisarem ser removidas, que sejam reassentadas na mesma região e não em bairros distantes e de periferia, como a prefeitura têm feito ultimamente com as comunidades. Cada um e cada uma também saiu com o compromisso de chamar os vizinhos para a próxima reunião.

Assista o vídeo sobre a mobilização:

FSM 2011 - Dacar - Encerramento e avaliações

Foi tudo muito simbólico. O Fórum Social Mundial 2011 começou celebrando a vitória do povo tunisiano em derrubar o ditador Ben-Ali e terminou, nesta sexta (11), horas depois da queda do presidente egípcio Hosni Mubarak.

A feliz coincidência de datas foi mais um elemento para afirmar, como desejavam os movimentos sociais africanos que vieram ao Fórum, o lugar do continente na luta anticapitalista e antiimperialista e na construção de uma nova geopolítica internacional.

A cerimônia de encerramento revelou a capacidade de superação dos movimentos altermundistas e sua vontade de aproveitar o espaço do Fórum Social Mundial para de fato construir alianças concretas em torno de suas diferentes lutas. Mais de 20 planos de ação, resultantes das assembléias de convergência que aconteceram nos dias 10 e 11, foram apresentados no FSM para 2011 e 2012.

Leia a matéria completa da repórter Bia Barbosa na Ag. Carta Maior.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

FSM 2011 - Dacar - Depoimento libertário!

A equipe da Agência Carta Maior, na qual o Coletivo se integrou no FSM 2011, cruzou com Wedad Ekkerda'oui, ativista egípcia, diversas vezes durante esses dias e a apreensão dela por um desfecho positivo no Egito era enorme. Chegamos a colher um depoimento ontem, quando notícias anteciparam a queda de Mubarak. Mas com o discurso da noite do ditador, deixamos o material na gaveta. Hoje, após sabermos da notícia, procurava por ela na Festa de Encerramento. E a encontrei.



Em outro depoimento dado à Carta Maior, mais longo, para a repórter Bia Barbosa, instantes antes da queda do ditador Mubarak, a tradutora egípcia afirmava que seu povo está unido de forma inédita, superando barreiras históricas de gênero e de religião. Antevendo o que estaria por vir, ela assegurava então que os protestos continuariam se necessário fosse.

Ninguém pode contra o povo que se levanta

Hoje, o povo venceu. Sempre pode. Viva o povo do Egito! Viva todo o povo do mundo!

Aproveito para recordar esta história que Galeano conta em Memória do Fogo III - O século do vento. E que não se pode nunca esquecer:



Cinco mulheres

– O inimigo principal qual é? A ditadura militar? A burguesia boliviana? O Imperialismo? Não, companheiros. Eu quero dizer só isso: nosso inimigo principal é o medo. Temos medo por dentro.

Só isso disse Domitila na mina de estanho de Catavo e então veio para La Paz, a capital da Bolívia, com outras quatro mulheres e uma vintena de filhos. No Natal começaram a greve de fome. Ninguém acreditou nelas. Vários acharam que esta piada era boa:

– Quer dizer que cinco mulheres vão derrubar a ditadura?

O sacerdote Luis Espinal é o primeiro a se somar. Num minuto já são mil e quinhentos os que passam fome na Bolívia inteira, de propósito. As cinco mulheres, acostumadas à fome desde que nasceram, chamam a água de franco ou peru, de costeleta o sal, e o riso as alimenta.

Multiplicam-se enquanto isso os grevistas de fome, três mil, dez mil, até que são incontáveis os bolivianos que deixam de comer e deixam de trabalhar e vinte e três dias depois do começo da greve de fome o povo se rebela e invade as ruas e já não há como parar isso.

Em 1978, as cinco mulheres derrubam a ditadura militar.



Foto: Reuters

FSM 2011 - Dacar - Manifestação contra Mubarak

No último dia de atividades do Fórum Social Mundial, nesta sexta-feira (11), cerca de 150 ativistas de diversos países realizaram um protesto em frente a Embaixada do Egito em Dacar. A manifestação foi pacífica. Os ativistas pediram a queda do regime do presidente Hosni Mubarak, que, em discurso à nação na noite de quinta-feira (10), ainda resistia a renunciar. Talvez, tenhamos participado do último ato internacional contra o ditador do Egito.

Mudanças de rumos. Viva o povo egípcio! Enquanto trabalhávamos na edição deste vídeo aí abaixo, o povo do Egito dava seus primeiros gritos de libertação. A revolução se faz em instantes, mas a luta de um povo é um processo que pode levar seus 30 anos. Acabo de voltar da Festa de encerramento do FSM 2011 e a alegria dos egípcios ali era imensa.

Sobre Viúvas, performance da Tribo

Ontem, me conta Daniel - filho de Edgar e Sandra, dois atuadores do Ói Nóis Aqui Traveiz -, uma mulher chegou ao meio dia para garantir a entrada que é distribuída às sete da tarde. Reclamou que a fila parecia com a do SUS. Quando a performance sobre a ausência lhe deixou presente uma América Latina viúva de muitos homens assassinados por ditaduras, ela pediu desculpas, abraçou o rapaz. É sempre assim, ele diz: “no final da peça nos perdoam” (pelas longas horas na fila). Na estreia, mais de 200 pessoas quiseram conhecer as viúvas, mas menos de 50 podem por cada noite. Houve confusão, e uma funcionária da Usina do Gasômetro chamou a polícia.

Uma experiência em teatro de vivência. Em Viúvas – Performance sobre a Ausência, trabalho em andamento.

Onde está você, que não se pode esquecer?

Agora, são cinco sentados na grama, como se esperassem em música: a mente aberta, a espinha ereta e o coração tranqüilo. Mas já as rodas giram e o sol que bate no vidro gasto do ônibus da Monumental Turismo inquieta, joga seus pedaços de luz no rosto dos que espiam. Margeamos o Guaíba e a poesia nos mira com suas claridades e sombras.

Trapiche. Chegada.

No meio do rio, a proa aponta para duas enormes chaminés de uma indústria na outra margem. Dobramos à esquerda. Por trás das nuvens, o céu em lilás já está quase morto no horizonte, de onde a noite vem trazendo o passado. No convés, um passageiro do tempo se levanta, olha para suas lembranças na direção das águas. Quando volta o rosto, já é o personagem que todos escutam: “Foi quando eu estava exilado, foi então que me ocorreu. Eu não conseguia dormir à noite...”

“Será preciso nomear esta pátria?” (da angústia, da injustiça), ele põe a pergunta sobre nossas cabeças. Em silêncio, achamos que não. Qualquer carne, qualquer espírito em qualquer geografia latina pode alcançar esta dor. Esta dor que vem de novo, agora.

Com a mão em minha barriga o homem de terno preto e óculos escuro me para. Depois, ordena: “Atravesse a passarela e coloque-se em terra firme”. Na entrada da ilha, outros iguais a ele nos esperam com matracas atravessadas sobre o peito. Iguais, talvez, as que foram usadas para transformar pais, maridos e filhos em horror e cadáveres. Penso no poder do aço dos que governam atravessando a resistência dos que sonham a liberdade.

Na pedra iluminada, junto ao rio, uma mulher canta em uma língua estranha. Mas a melodia eu entendo, conversa comigo. Ela avisa: “Temos esperado, todas as mulheres. Há muito que estamos esperando.”

Um outro atuador passa em revista aos que desembarcaram, encara, bem de perto. Alguns minutos para sentir o lugar. Logo, o peso das botas em marcha sobre a laje assusta outras viúvas, desesperadamente coloridas, enlouquecidamente solitárias e tristes. Este novo e velho ditador tem palavras para ludibriar: “Na memória de alguns a guerra continua. Se formos capazes de esquecer o passado, as feridas vão cicatrizando. Democracia, uma nova terra para um povo novo...” Mas viemos aqui para não esquecer, todos. “Os desaparecidos políticos são fantasmas que voltam sempre. Querem lembrar que não podem ser esquecidos”, está escrito no material de divulgação da performance. A Tribo um canal para que eles nos encontrem, nos falem.


Então, aquela mulher de antes já carrega suas cadeiras vazias sobre as costas. No meio da escada, me olha nos olhos, nos seguramos os dois, um dentro dos olhos do outro. “Ali, onde o rio pensa numa direção e depois muda de opinião, foi ali que eles morreram.”

Estamos nas ruínas do que foi um presídio. Nas celas, os presos são as mulheres socando pilões. Ela sua, todo o rosto, toda a alma, e bate contra o milho que jorra. É Alexandra. Desta vez desviei o olhar, fui para as inscrições na parede: “Pirata 14.05.82”, esteve ali. “Eu chorava e minha mãe não escutava” – foi gravada quando, por quem? O presídio foi desativado apenas em 1983.


Vem de novo a mulher, a da pedra e da escada, a que conduz a dor, a revolta e o choro. Sophia. A que põe a mão em meu peito, enquanto conta. Que um pai vira fumaça preta, fumaça e cinzas.

Onde está teu marido, Alexandra? Onde está Emiliano? Onde está Miguel?

Onde estão todos?

Os nomes vão sendo chorados, gritados pra fora com saliva. Chove milho sobre a agonia da viúva. De joelhos, ela recolhe grãos sobre os pés dos que assistem mudos, mudados. Em pé, abraça a gente que veio lhe ver, neste funeral sem corpo.

Sarah, a fotógrafa que muitas vezes esqueceu a câmera pendurada no pescoço pra viver as emoções da peça, me diria depois que aquelas mulheres eram como os presos puídos, triturados ali como milho no pilão.

Enlouquecidamente solitárias e tristes. Menos na festa. A festa aconteceu anos antes e está sendo recordada agora. Nós entramos dentro das lembranças, e interagimos com elas. Outra época, outra atuadora, então uma jovem sorridente me leva pela mão até o baile. Bebo vinho, ao som da gaita e do cajón. Meus olhos dançam na roda, giram, bato palmas. Às vezes, o rio me acorda. Um mosquito zune em meu ouvido. Sob o céu, à noite, entre escombros, envolvido em águas. Na festa, converso com um camponês. Ele me diz que a produção no campo está aumentando porque muitos são os que abandonam os latifúndios e se juntam aos que tem os dedos de terra, os que trabalham em coletivo, sem patrões, os que constroem o destino, e que agora dançam em minha frente.


“Ao nosso redor existem aldeias, aldeias dos vivos, aldeias dos mortos”, a anciã ensina ao mais moço. É a nossa história. Para enxergá-la, vemos os corpos nus, descobertos, amontoados, imóveis. Dois personagens falam, mas não os ouço mais.

Quando voltam os ouvidos para o corpo, só escuto o motor do barco. Estamos outra vez no convés, e desta vez engolidos pelo escuro, quando os fogos são acessos na ilha. As mulheres vieram até a margem, cantam aquela melodia familiar, e mostram os seios livres, os seios que alimentam as filhas e os filhos da água e da terra, da presença e da ausência, da memória e do esquecimento.


Fotos de Sarah Brito, do Coletivo Catarse. Outras podem ser vistas aqui.

Para as peças que virão

Não como crítico, mas como espectador. Como quem se encanta com o espírito crítico, com a insurreição dos textos, das encenações. Como quem assiste à quarta peça seguida da Tribo e quer ver as que virão.

Queria ver também outros protagonistas. Tânia é sempre visceral, apaixonante. Paulo sempre se encaixa bem nos personagens. Sei que ambos têm história, tem talento, reconheço, admiro. Mas gostaria de ver Marta, Clélio, Renan e outros que também devem estar prontos assumindo alguma vez a narrativa. Parece que todas as peças acabam sendo escritas para os dois primeiros. Sempre a criação coletiva os escolhe para os papéis em destaque. Ela é maravilhosa, ele é bom, mas fico imaginando até onde outros atuadores também talentosos poderiam nos levar se seus limites se estendessem, ocupando o espaço de um personagem principal. É um desejo.

A opção pela alegoria que aproxima passado e presente é ótima escolha. Funcionou perfeitamente em Kassandra, A Missão, O Amargo Santo e Viúvas. Todas encenações que assisti e que me impactaram. Agradeço pela experiência e entendo o recurso de linguagem. Mas confesso outro desejo. Penso em temas como reforma agrária, opressão urbana e mídia corporativa não apenas sob a perspectiva da história do presente pelo passado, mas trabalhando com a memória do presente pelo presente. Não apenas os vivos falando dos vivos a partir dos mortos. Mas os vivos falando dos vivos a partir dos vivos.

Sinceramente e com um abraço,
Jefferson


Vestido de pássaro

(Para Liege. Fragmento excluído do texto sobre a performance Viúvas.)

Trapiche. Chegada.

No tecido azul, centenas de pássaros batem as asas. São garças no seu vestido?, queria perguntar à garota, que recolhia os tickets amarelos. Esses pássaros voando sobre a sua pele são como os maçanicos que vi a pouco, em rasantes sobre a água? Um mergulha, o outro se banha, outro quer o peixe, a presa em escama na boca em asa. Ouço as águas roçando contra a pele do barco.

FSM 2011 - Dacar - Boaventura defende ações coordenadas para implodir o sistema

A pergunta colocada nesta quarta-feira (9) pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos aos ativistas do FSM foi: como produzir muitos Cairos ao mesmo tempo a ponto de mudar o sistema?

“Nosso desafio é criar protestos sociais simultâneos e sincronizados em todo o mundo, com diferentes agendas políticas, mas convergentes na crítica aos Estados não legítimos. O que é novo no Cairo é que, ali, a partir da troca de informações, conseguiu-se uma sinergia na ação do ponto de vista nacional. Mas ainda não conseguirmos promover ações globais para desestabilizar o capitalismo”, disse.

Veja a íntegra da fala de Boaventura no FSM 2011-Dacar.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

FSM 2011 - Dacar - Fatimatou Djibo, da Via Campesina

Entrevista com a agricultora Fatimatou Djibo, do Níger, uma da líderes da delegação da Via Campesina no Senegal, que informa sobre a campanha contra a violência às mulheres, que o movimento reforçou este ano aqui em Dacar; também explica as ações dos campesinos contra as sementes transgênicas e critica a alta dos preços dos alimentos em nivel mundial.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Merenda escolar sustentável

O vídeo que o Coletivo Catarse produziu para a ong ANAMA, sobre a merenda escolar no município de Maquiné, foi ao ar no telejornal da TV Brasil, na segunda passada, dia 07. Uma postagem com a versão completa da reportagem foi publicada aqui em dezembro.

Esta, a versão que foi ao ar na TV:



Você também pode assistir o vídeo direto na página da TV Brasil ou no site do Overmundo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

FSM 2011 - Dacar - Lula da Silva

O ex-presidente do Brasil falou da importância do apoio à soberania africana, durante o FSM de Dacar, e cobrou das grandes potências para que haja um diálogo internacional de rearranjo de poder nas esferas de decisões políticas e econômicas multilaterais. Sobre o Egito: "Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura".

FSM 2011 - Dacar - Taoufik Ben Abdallah: reflexões sobre África e Tunísia-Egito

O senegalês de origem tunisiana Taoufik Ben Abdallah afirma, em entrevista à Carta Maior, a importância de se realizar o FSM pela segunda vez na África, destaca que todo povo é capaz de fazer sua revolução - e que as contribuições com os valores universais não são monopólio dos países ricos.

Debate sobre despejos na avenida Tronco nesta quarta

Moradores da Cruzeiro e Cristal debatem despejos da avenida Tronco nesta quarta-feira (9)

A Associação dos Moradores da Divisa e Cristal e o Comitê Popular da Copa da Cruzeiro e Cristal realizam nesta quarta-feira, dia 9 de fevereiro, às 19h, uma Assembleia Popular dos Moradores da Cruzeiro e Cristal. A reunião será na Igreja Santa Teresa (Rua Comandaí, 90 Cristal).

O objetivo é debater os despejos previstos para a ampliação da Avenida Tronco. Segundo o presidente da Associação dos Moradores da Vila Cristal, José Renato Maia, os moradores estão muito preocupados com a falta de informação. "Não sabemos quando começam as obras, quem será mesmo atingido, para onde serão removidas as famílias. Queremos ter o direito de discutir o nosso futuro. Defendemos a realização da Copa, mas com respeito aos direitos da população", ressaltou.

Comitê do centro realiza encontro para recomeçar atividades em 2011

por Bianca Costa

O Comitê Popular da região central de Porto Alegre, que vai discutir os impactos da Copa do Mundo de 2014 na capital, se reuniu na última sexta-feira, dia 04 de Fevereiro. Na reunião de trabalho, as companheiras e os companheiros que fazem parte do grupo, expuseram algumas linhas de encaminhamentos para os próximos passos da luta contra os impactos negativos das obras para a cidade. Entre os encaminhamentos propostos, estão conversas com sindicatos de trabalhadores, Diretórios Acadêmicos e Movimento Estudantil. Eles serão convidados a discutirem as principais demandas da região do centro, como também auxiliarem na divulgação das informações referentes às obras “problemáticas” da Copa do Mundo.

Entre essas demandas, estão o levantamento das obras da Copa que atingirão diretamente o centro. Até o momento, sabe-se que as principais mudanças devem ocorrer na Praça XV (em frente ao Mercado Público), no Centro Histórico e na Vila Chocolatão, localizada em uma das áreas mais “nobres” da cidade. Entretanto, o grupo de trabalho ainda não tem informações detalhadas sobre essas obras.

Além disso, os integrantes do Comitê Popular de Imprensa para a Copa, fizeram o relato dos principais encaminhamentos da última reunião, realizada no final de Janeiro. Também foi relatada a importância de manter contato com o Comitê da região do Cristal, Cruzeiro e Santa Tereza.

FSM 2011 - Dacar: o Samba em pessoa

Hoje conheci o Samba em pessoa, aqui em Dacar, durante a cobertura do FSM. Estávamos saindo da universidade onde acontecem as principais atividades do Fórum e alguém bate nas minhas costas: um jovem junto com um grupo de rapazes da Associação Islâmica Guné-Bissau que, ao nos ouvirem falando em português, puxaram papo. "Brasil é demais. Somos irmãos. Como está a vida por lá? É bom de morar?" - ele encaixava, numa sequência de curiosodades. Na apresentação:
- Qual teu nome?
- Meu nome é Samba.
- Tais brincando?
- Não. É Samba Balde.
- Não acredito.

Aí ele puxa a carteira de identidade e eu a máquina fotográfica.



Maior prazer conhecer os irmãos de Guiné-Bissau. Muito simpáticos. Educados. Alegres.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Belo Monte e o modelo de sociedade

“Energia para quê, energia para quem?”, começou perguntando Moises, representante do Movimento dos Atingidos por Barragens: “Não temos um problema de geração de energia. Temos um problema de modelo de sociedade”. Leia mais aqui.

Indígenas estão em Brasília para tentar um encontro com a presidência. Foto de Eduardo Seidl.

Os movimentos sociais da Bahia e o Fórum de Dakar

Recebemos carta de Consuelo Gonçalves, do Movimento Negro Unificado (MNU) e integrante do Comitê Baiano do Fórum Social Mundial, relatando a quebra do compromisso do governo da Bahia em viabilizar a ida de representantes para o Fórum de Dakar, no Senegal, que acontece entre 06 e 11 de fevereiro. Consuelo denuncia que há uma situação de "descalabros e mazelas contra o povo negro, indígena e pobre no campo e na cidade, que fazem parte de um cenário que o Governo da Bahia quer esconder do Fórum Social Mundial".

Publicamos a seguir a mensagem na íntegra. Os grifos são nossos:

"Ao:

Governador Jaques Wagner
Comitê Brasileiro do FSM
Comitê Internacional do FSM

Nós, Movimentos Sociais, integrantes do Comitê Baiano do Fórum Social Mundial vimos, através desta, assegurar que estamos devidamente preparados para representar a Bahia, bem como contribuir com os debates que ocorrerão no FSM de Dakar – Senegal de 06 a 11 de fevereiro do corrente ano, marcar presença com símbolos, expressões culturais e políticas, nitidamente baianos e nacionais e ao mesmo tempo universais na perspectiva de uma outra globalização.

A Bahia e suas populações indígenas e afrodescendentes representam um território referencial extremamente significativos entre todos os lugares onde o marco civilizatório mantém sua perversidade, seus processos desumanizadores onde destaca-se o extermínio de jovens nas áreas urbanas e metropolitanas e formas sutis de dominação e manipulação das mentes humanas via sistemas diversos tais como educação, comunicação, trabalho, saúde, educação, emprego e renda, segurança pública, lazer, práticas religiosas, dentre outras.

Em decorrência desses fatores os MOVIMENTOS SOCIAIS tem contribuído na construção de políticas públicas, democráticas, inclusivas e participativas, a fim de transformar as realidades historicamente produzidas pelo modo de produção material e imaterial capitalista.

Entendendo que a palavra, segundo as Escrituras Sagradas “ se faz verbo e o verbo se fez carne” . Portanto, nosso entendimento, ou seja, dos movimentos sociais e da sociedade civil que estiveram nas dependências do TCA, no dia 29 de fevereiro de 2010, naquele momento foi firmado um compromisso, pela palavra , através de um enfático discurso de Vossa Excelência , de modo que não procede a retração imposta por este governo , conforme e assegurado pela SERIN, na pessoa do Senhor Secretário Paulo César Lisboa.

Diante do exposto, o Comitê Baiano do FSM Temático BA, vem solenemente apresentar as deliberações da última plenária , realizada na tarde do dia 24 de janeiro , na UCSAL – LAPA:

Audiência dos Movimentos Sociais com o Governador , com os objetivos de garantir os compromissos assumidos no período do FSM Temático BA, e portanto o apoio do Estado à Delegação composta por trinta Organizações do Movimento Social ao FSM de Dakar Senegal, passagens , hospedagens e alimentação

Viabilização da chegada Prévia da Coordenação do Fórum Temático BA com passagens , hospedagens e alimentação.

Diálogo do Governo do Estado com seus parceiros no Senegal , para apoio a Captação por parte da BA do Fórum Regular 2013

Garantia de rubrica do Estado para o Fortalecimento das Ações e dos Eventos do Comitê Baiano no Fórum Social Mundial

O reconhecimento e a análise dos gastos públicos já investidos neste Fórum, no período- pré -eleitoral e a postura deste governo pós-eleições para com os movimentos sociais do Estado da BA, para com o Brasil e para o Mundo, pois o que realizamos foi uma etapa do FSM de Dakar Senegal, o que portanto recebeu convidados do Mundo Inteiro, e desenvolveu um papel estratégico na cidade de Salvador, demonstrando para o Mundo que Salvador BA, que acreditar e construir um Outro Mundo Possível. Mas se nossos governantes não estão preparados e comprometidos com estes níveis de solidariedade e rede de articulação mundial para o desenvolvimento humano e garantia dos direitos e da democracia dos Povos o qual propõe a tese do FSM , contra o neoliberalismo que oprime e empobrece cada vez mais pessoas no mundo e o Estado da BA, estampa a tese neoliberal nas ruas da cidade de Salva dor, na especulação imobiliária x moradores de rua, na segurança dos bairros nobres de Salvador x o genocídio da juventude negra pobre e periférica pela polícia, da pompa dos Templos Universais e sua força política x a Intolerância Religiosa que ataca os Terreiros da BA, depredados a ponto de ter seus Terreiros Invadidos e desrespeitados conforme Constituição Brasileira e, enfim, da Bahia de Todos Nós x os imensos privilégios e racismo de alguns que mandam.

Assinado,
Comitê Temático BA do FSM
Salvador, 26 de janeiro de 2011."

Em seguida, Consuelo explica:

"Este foi o documento entregue ao Governo da Bahia em 26 de janeiro de 2011, que obteve como resposta do Governo a viabilização de três passagens para o FSM Dakar Senegal, acordado entre o Governo e todas as Centrais Sindicais que compunham este Comitê, sobretudo a CUT, que por ser do Comitê Internacional teria o papel de estar organizando esta delegação do Comitê Baiano. Ao contrário disso, seus representantes sumiram das negociações, e a noticia oficial é que o Presidente da CUT BA Martiniano Costa vai com recursos próprios, o que já sabemos que não é verdade.

A CUT BA teria 6 passagens e não se sabe quem viaja com estas passagens , pois nunca mais apareceram no Plenário do FSM Temático BA.

Então concluindo a posição dos Movimentos Sociais foi de não se curvar ao tamanho desrespeito e descalabro devolvendo duas passagens e encaminhando apenas o nome de Vida Bruno, do Comitê Baiano, como única representação credenciada para falar por este coletivo.

Sendo assim, as Centrais Sindicais não estão autorizadas a falar em nome do Comitê Baiano, ou seja, a CUT, Força Sindical, CTB e UGT, socializando que este é um documento que irá para o Comitê Organizador Brasileiro e para o Comitê Internacional.

Que o Movimento Social no estado da BA Repudia a ação do governo de não apoiar uma delegação representiva, que realizou o Fórum Social Mundial Temático BA, com a circulação de mais de 5000 pessoas, e mais de 100 mesas de debates importantes de caráter nacional e internacional, com recursos públicos e da Petrobrás.

A leitura que fazemos é que, diante deste descalabro e pior dos crimes contra a juventude negra é de intolerância religiosa praticados pela Policia Baiana e Federal, também contra as Aldeias Indígenas que reivindicam junto com os quilombolas a demarcação e titulação de suas terras e portanto sofrem a violência da Policia Estadual e Federal, para além das milícias dos fazendeiros, sobretudo no sul da BA.

Com interesses do Governo Wagner e Federal, mascarados por uma dita política de Desenvolvimento Econômico e Social, como ex a implantação da estrada de Ferro e do Porto de Ilhéus naquela região, que terá como principal produto minérios existentes em terras de conflito entre fazendeiros e índios e fazendeiros e quilombolas. Todos estes descalabros e mazelas contra o Povo Negro,Indígena e Pobre no campo e na cidade fazem parte de um cenário que o Governo da BA quer esconder do FSM.

O crime aumenta na cidade de Salvador, morrem de 30 a 40 pessoas nos finais de semana nesta cidade, os casos de homicídio cresceram em 50 % na gestão Wagner, segundo dados da própria Secretaria de Segurança Pública do Estado. A Polícia atribui os crimes ao tráfico de drogas e ao crack, a sociedade atribui estes crimes ao Estado que não toma providências e não investiga os autores dos crimes de armas disparadas por policiais, por exemplo, e que chegam a mais de 40%.

Crianças de 08 , 09 , 12 , 13 e jovens adolescentes estão sendo massacrados nas periferias da Cidade de Salvador e sabemos que tudo isso não deve chegar aos Organismos Internacionais com a força do FSM em Dakar, no Ano de 2011, da Afrodescendencia, o estado mais negro do país realiza um Fórum Temático e apoia a ida de “ TRÊS “ pessoas escolhidas pelo governo para não causar estardalhaço diante de tão graves acontecimentos.


Assim denuciamos este processo na imprensa e pedimos a este importante meio de comunicação alternativa e da imprensa negra que reproduza esses fatos aqui relatados.

Diante do exposto , asseguramos que o nome indicado pelo Comitê Baiano, ao FSM Dakar é o da Companheira Edileusa Bruno Vida para cumprir a responsabilidade de entrega dos resultados do FSM Temático BA e para todas as gestões referentes ao FSM , em suas instâncias e reuniões de caráter definidores do processo político deste Fórum.

As demais duas passagens aéreas para o Senegal estão sendo devolvidas por este coletivo.

Comitê Baiano do Fórum Social Mundial
Salvador, 1 de fevereiro de 2011."

Marcha em Dacar - FSM 2011

Num clima de euforia e engajamento, mais de 10 mil pessoas atravessarm uma das grandes avenidas de Dacar, partindo da Grande Mesquita, no centro da capital, até o campus da Universidade Cheikh Anta Diop, onde são realizadas as principais atividades do Fórum. Foi um momento para extravassar os sentimentos e amplificar discursos, lutas e marcas culturais. O povo do Fórum é de afirmação. Destaque para as mulheres, com diversas organizações de defesa dos direitos humanos empunhando bandeiras que buscam romper com as amarras do preconceito social.

Cobertura especial no site da Agência Carta Maior.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Início de cobertura - Fórum Social Mundial 2011 - Dacar [Senegal]

O Coletivo está em Dacar, desde ontem, para mais uma cobertura do Fórum Social Mundial, dessa vez num trabalho para a Agência Carta Maior, que já colocou no ar sua página especial, com reportagens, fotos e os nossos vídeos. No primeiro, uma deriva pelas ruas e praias da capital do Senegal, horas antes do início do Fórum.

O destaque do FSM é a conexão dos participantes com a dedicação dos lutadores populares no Egito. As dores de lá, vibram com força por aqui. Nos próximos vídeos que estaremos subindo, essas idéias e emoções já estarão presentes.

Sava bien.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Mostra Cultural para Mestre Baptista

A Catarse participa do movimento de apoio ao Mestre Baptista que realizará uma Mostra Cultural para arrecadar recursos para o tratamento de saúde do Mestre. A Mostra Cultural acontecerá em Pelotas no dia 19 de Fevereiro com as seguintes atrações: KAKO XAVIER e a TAMBORADA, Grupo ODÚ ÈMÍ e ODARA.

Também será exibido o documentário O GRANDE TAMBOR, com a participação do Mestre Baptista, realizado pelo Coletivo Catarse e o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacinal e que reconheceu o Tambor de Sopapo como Patrimônio Imaterial do Brasil.

19 de Fevereiro as 19 horas

Local: Clube Cultural Fica Ahí

Mal Deodoro, 368 - Pelotas - RS

Ingresso R$ 5,00
Toda a renda será revertida para o tratamento de saúde do Mestre Baptista



quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ofensiva do capital contra os povos indígenas e camponeses é global

Por Spensy Pimentel

Engenheiro e doutor em geografia, o professor Oswaldo Sevá tem sido, nas universidades brasileiras, um dos principais aliados dos movimentos sociais em suas lutas contra os grandes projetos de “desenvolvimento”, como usinas hidrelétricas, minas e estradas. Trata-se de empreendimentos que ele, em seus cursos na Universidade de Campinas (Unicamp), chama de “conflitos atuais da acumulação primitiva”.

Atualmente a maior luta em que está envolvido é contra a megausina de Belo Monte, no rio Xingu, paraíso da bio e da sociodiversidade em plena Amazônia, agora ameaçado por esse projeto dos tempos da ditadura militar que foi atualizado e desengavetado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde os anos 80, Sevá publica estudos críticos ao projeto, demonstrando suas falhas e inconsistências.

Na entrevista a seguir, Sevá mostra que o atual cenário de conflitos socioambientais tem, na realidade, uma amplitude global, representando um desafio para os movimentos sociais de todo o mundo. E adverte: “A ameaça também é muito grave quando os intelectuais e políticos considerados de esquerda rezam a cartilha do capital, repetem os mantras ideológicos do capitalismo, e usam o seu capital político e cultural para amainar as criticas e flexibilizar os que pensam de modo autônomo, para isolar aqueles que simplesmente continuam resistindo à expropriação”.


Desinformémonos – É possível perceber na atualidade uma ofensiva de alcance latino-americano desses projetos de exploração de recursos naturais em terras comunitárias (camponesas/indígenas)?

Oswaldo Sevá – Sim, é uma ofensiva com grande preferência pelas Américas Central e do Sul, mas que também assola várias regiões da África, da Ásia e da Oceania. Mas é uma ofensiva global, pois envolve agentes econômicos e políticos de muitos países, agentes que raciocinam e decidem com o “mapa mundi” aberto numa grande mesa ou numa grande tela digital. É uma ofensiva capitalista, e não podemos omitir nem esquecer esse nome, porque se trata de tentar superar mais uma das grandes crises estruturais do sistema capitalista. No caso, dizem os estudiosos como Harvey e Arrighi, é uma crise de super-acumulação, uma crise financeira, uma demonstração exuberante da famosa lei da “queda tendencial das taxas de lucro”.

Por isso, os alvos preferenciais da ofensiva são as localidades e regiões com recursos naturais considerados estratégicos. E aí se criam projetos de investimentos considerados capazes de gerar taxas de retorno altas – o que obviamente depende de custos econômicos e de custos sociais, e depende da possibilidade de concretizar, novamente o “velho” mecanismo da acumulação primitiva, que nunca deixou de atuar.

Para ler a entrevista completa, vá até a página do Desinformémonos clicando aqui.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Yemanjá

Salve! Faz um ano, estávamos na Praia do Rio Vermelho, em Salvador. Dois de fevereiro. Chegamos ainda madrugada, com os primeiros devotos e seus tambores, suas crenças, suas flores, suas águas. Nós, nossos olhos e lentes, nossos corações. A mesma mãe.

Passaram doze meses, e só agora estamos usando algumas imagens daquele dia, no vídeo para o Fórum da Cultura Digital Brasileira. Exatamente um ano depois, no dia de nossa mãe, mãe também de nossa mãe, de nosso pai e de nossos irmãos.

Mas hoje queria homenageá-la com outro vídeo, descoberto agora:

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Novo Aumento das Passagens no Transporte Público de Porto Alegre

O Coletivo Catarse realizou uma reportagem sobre o novo aumento das passagens do transporte urbano de Porto Alegre, que está sendo proposto pelas empresas um percentual de 14,69%, mais que o dobro da inflação e o dobro do aumento dado aos motoristas e cobradores. Com o aumento, a passagem subirá de R$ 2,45 para R$ 2,81, mesmo diante a falta de ônibus e das péssimas condições de transporte. Veja a reportagem da Catarse: