É possível aprender com o que colocamos fora, com o que os outros fazem com o que colocamos fora.
Na vida, quem cata algo?
Mais um catador de imagens e palavras, catador de histórias e emoções. Catador do lixo, do seu lixo, do meu, da matéria que se transforma, nos transforma.
É possível sorrir vivendo do lixo, vivendo no lixo. É possível sorrir. É possível montar uma biblioteca com os livros que vão pro lixo. É possível comer do lixo, quando é preciso comer o lixo. E é preciso ver além dele, ver as pessoas. É possível fazer arte, fazer planos. É possível ser triste. Será possível deixar de ser?
No momento em que não é possível mais ser o mesmo porque já nos transformamos em outro, o abraço, o choro. Ainda o passado e ao mesmo tempo o futuro. Tudo o que foi e o que será. Agora.
A passagem pelo próprio descobrimento. Descoberta de alguém que estava dormindo no corpo. É possível aprender quando nos colocamos fora, pra fora, lá fora. Nosso lixo. Nossa riqueza.
Na lanterna, um olho acesso pro escuro. A garota procura pedaços: fatias de plástico, cacos de vidro, restos de alumínio, cabelos de boneca. Nossos pedaços e restos se confundem com os dela. Correm os pés na terra, corre o chorume no olho. No olho, algo que apodreceu se desmancha para vir algo novo:
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
O momento em que uma coisa se transforma em outra
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