quarta-feira, 20 de junho de 2012

Cúpula dos Povos - Recepção ao moçambicano Jeremias Vunjanhe

O ativista moçambicano Jeremias Vunjanhe, impedido de entrar no Brasil no dia 12/06, retornou ao país neste dia 18 de junho, às 21h. A organização Amigos da Terra Brasil organizou uma entrevista coletiva com o ativista no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.


 Jeremias, da organização Justiça Ambiental – Amigos da Terra Moçambique, destaca-se na resistência aos impactos ambientais causados pela companhia brasileira Vale, naquele país. O ativista viajava com passaporte e visto válidos, bem como credencial emetida pela ONU confirmando sua participação na Rio+20, como membro da delegação dos Amigos da Terra Internacional. O ativista participaria do III Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, onde exporia o polêmico caso da Vale em Moçambique e compartilharia experiências com comunidades atingidas no mundo todo pelas corporações extrativas.

Ao chegar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na terça-feira (12), teve seu passaporte apreendido e foi mandado de volta sem qualquer esclarecimento. Seu passaporte lhe foi devolvido apenas durante o voo em direção a Maputo, capital moçambicana, contendo um carimbo que o dizia impedido de entrar em território brasileiro pela Polícia Federal. De acordo com a PF, seu nome figurava na lista do SINPI (Sistema Nacional de Procurados e Impedidos). A notícia gerou indignação entre os participantes da Cúpula dos Povos, evento de movimentos sociais e organizações da sociedade civil paralelo à Rio+20.

Desde 2007, a Vale tem um projeto de extração de carvão mineral em Moatize, Moçambique. O empreendimento tem sido muito criticado, entre outras coisas, por conta da remoção de 1300 famílias, cujas condições de vida estão altamente deterioradas: dificuldades de acesso à água, a meios de transporte e à manutenção da subsistência. A Vale não cumpriu com as condicionantes previstas antes do início da obra.

Entre os representantes de movimentos sociais presentes no Rio de Janeiro, as perguntas eram muitas: “por que o nome de Jeremias estava na lista?”. “Quais são os critérios de inclusão nesta lista?”. “Estar ativo na luta contra empresas brasileiras é um critério para inclusão?”. “Há outros ativistas internacionais na lista?”.

Nenhum comentário: