O ativista moçambicano Jeremias Vunjanhe,
impedido de entrar no Brasil no dia 12/06, retornou ao país neste dia 18 de junho, às 21h. A organização Amigos da Terra Brasil organizou uma
entrevista coletiva com o ativista no aeroporto do Galeão, no Rio de
Janeiro.
Jeremias,
da organização Justiça Ambiental – Amigos da Terra Moçambique,
destaca-se na resistência aos impactos ambientais causados pela
companhia brasileira Vale, naquele país. O ativista viajava com
passaporte e visto válidos, bem como credencial emetida pela ONU
confirmando sua participação na Rio+20, como membro da delegação dos
Amigos da Terra Internacional. O ativista participaria do III Encontro
Internacional dos Atingidos pela Vale, onde exporia o polêmico caso da
Vale em Moçambique e compartilharia experiências com comunidades
atingidas no mundo todo pelas corporações extrativas.
Ao
chegar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na terça-feira (12),
teve seu passaporte apreendido e foi mandado de volta sem qualquer
esclarecimento. Seu passaporte lhe foi devolvido apenas durante o voo em
direção a Maputo, capital moçambicana, contendo um carimbo que o dizia
impedido de entrar em território brasileiro pela Polícia Federal. De
acordo com a PF, seu nome figurava na lista do SINPI (Sistema Nacional
de Procurados e Impedidos). A notícia gerou indignação entre os
participantes da Cúpula dos Povos, evento de movimentos sociais e
organizações da sociedade civil paralelo à Rio+20.
Desde
2007, a Vale tem um projeto de extração de carvão mineral em Moatize,
Moçambique. O empreendimento tem sido muito criticado, entre outras
coisas, por conta da remoção de 1300 famílias, cujas condições de vida
estão altamente deterioradas: dificuldades de acesso à água, a meios de
transporte e à manutenção da subsistência. A Vale não cumpriu com as
condicionantes previstas antes do início da obra.
Entre
os representantes de movimentos sociais presentes no Rio de Janeiro, as
perguntas eram muitas: “por que o nome de Jeremias estava na lista?”.
“Quais são os critérios de inclusão nesta lista?”. “Estar ativo na luta
contra empresas brasileiras é um critério para inclusão?”. “Há outros
ativistas internacionais na lista?”.
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