Na região do litoral norte do Rio Grande do Sul algo acontece. Nas beiradas de uma lagoa, não tão distante da linha do mar, mais próximo das encostas da Serra Geral, que depois vai se ligar à Serra do Mar, há muito mais acontecendo do que duplicações de estradas e obras de planos de desenvolvimento nacional. No pequeno município de Três Forquilhas, depois de se cruzar um rio em um pontilhão, que a cada chuvarada precisa ser reparado, em um pequeno terreno doado, uma agroindústria se constitui. Você olha para os lados, e o cenário é completamente bucólico. Há pinhões no chão, pela proximidade com araucárias que, mesmo fora de seu, digamos assim, habitat, dão frutos, há pássaros aos montes, barulho de água corrente, verde, morros e mulheres... Várias mulheres.
Estamos na sede da Associação de Mulheres Agricultoras para o Desenvolvimento Comunitário de Três Forquilhas, e lá, no momento, ocorre uma oficina. Mais um dos processos de formação que pretende dar suporte ao que está por vir. Com um projeto do Centro Ecológico, integrante da Rede Juçara, foi possível montar uma pequena agroindústria que vai trabalhar a despolpa dos frutos da Palmeira Juçara intercalando-se com um pequeno panifício. Tudo tocado por mulheres que, insistentemente, romperam com a lógica tradicional da família nuclear baseada no patriarcado - típico de regiões assim no Rio Grande do Sul -, em que o papel feminino restringe-se ao lar, ao trato com os filhos e ao atendimento das necessidades do provedor da família - o homem.
A seguir um pequeno trecho do depoimento da agricultora Celi Aguiar Machado.
Este material, juntamente com o que está sendo produzido neste mês de maio e princípios de junho, faz parte do que virá a ser a revista da Rede Juçara.
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