sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Belo Monte e Jirau: por trás das represas

Por Rodrigo Nunes, para Revista Global Brasil

Testemunhei, faz alguns meses, uma conversa entre um funcionário do governo federal e um ambientalista; ambos eram próximos ao PT. “Sou a favor da construção da usina de Belo Monte”, disse o primeiro, “mas reconheço que não é um debate de ‘direita’ versus ‘esquerda’”. “Não é”, respondeu o segundo. “Ou se é, talvez a esquerda não seja quem você pensa”.
A cena condensa uma dimensão que Belo Monte poderia ter: um divisor de águas para pessoas que até aqui apoiaram os governos do PT, ou o disparador de debates urgentes sobre os rumos dos governos petistas e da esquerda brasileira em geral. Ao invés disso, contudo, o que se deu em torno de Belo Monte, ou da revolta no canteiro da usina de Jirau em março, foi uma não-discussão encaixotada em dicotomias simplistas (desenvolvimento versus meio-ambiente, interesse nacional versus ambientalismo) e artifícios retóricos pré-fabricados (o complô internacional para impedir o Brasil de crescer). É necessário, portanto, entender o que é que bloqueia esse tipo de debate, cada vez mais urgente, para que ele possa finalmente acontecer.

Para ler o artigio na íntegra - clique AQUI

Vídeo do movimento Xingu Vivo:

2 comentários:

Tiago Jucá disse...

o autor do texto comete um tremendo equívoco. crescer todos queremos, mas de forma racional, com energia limpa, e não seguindo uma velha fórmula falida imposta pelas empreiteiras que mandam neste país, no qual Dilma, assim como Lula e FHC, são somente seus fantoches. Pena que o Partido da Imprensa Governista, o famoso PIG, não toque no assunto Belo Monte como deveria ser tocado. emissoras como a Globo e sites/blog que se dizem "progressitas" ou "malufistas" (desculpem, eu sempre confundo os termos) exercem muito bem o que Perseu Abramo nos ensinou: ocultam, invertem, etc o fato em favor unicamente dum país que é de fato de todos... de todos os empreiteiros.

PS.: a crítica ao texto não tira nossa admiração pela catarse, que faz um excelente trabalho em várias frentes. somente não consigo entender como podem apoiar essa megera e sua gang (Sarney, Temer, Palocci). Estamos diante do Neo-coronelismo.

PS 02.: O DILÚVIO está organizando o primeiro encontro de blogueiros anti-progressistas. em breve mais detalhes.

"Jornalismo é oposição, o resto é secos e molhados" Millor.

Abraços do Monsenhor

André de Oliveira disse...

Jucá:

O autor do texto coloca sua posição contra o modelo e seus operadores, não o seu apoio:

Ou: "Na maioria dos casos, isso significou tanto um retorno aos antigos sonhos de uma modernização veloz, centralmente planejada, como um compromisso entre um crescimento da presença estatal na economia e um enorme fortalecimento de grandes grupos econômicos, como na mineração e no agronegócio. Trata-se, por um lado, de uma questão de oportunidade política (os empresários ganham vantagens enquanto os governos ganham sustentação) e econômica (a vantagem comparativa de países de economia primarizada num período de alta internacional desse mercado). Trata-se, por outro, de corrupção. Não necessariamente no sentido de ilegalidade, porque afinal, a corrupção que acontece dentro da legalidade é o problema mais sério de todas as democracias; por exemplo, aquela que faz com que alguns dos maiores interessados em obras como Belo Monte, Jirau e as da Copa do Mundo, estejam, também, entre os principais financiadores de campanhas eleitorais: as empreiteiras. Mas é, por último, a marca de uma mutação dos genes desenvolvimentistas durante o período da hegemonia neoliberal, quando a esquerda partidária passou a entender que aquilo que a diferenciava da direita era o tipo de capital que cada uma prioriza – o produtivo nacional, ao invés do financeiro internacional. É essa mutação que explica o comunismo transgênico de um Aldo Rebello, esforçando-se em aprovar uma reforma do Código Florestal construída diretamente por e para o agronegócio: o momento em que o desenvolvimentismo de esquerda passa a chamar de interesse nacional aquilo que é interesse do capital nacional.

A questão é: se a atual ênfase em “ser grande” – evidenciada nos mega-projetos, mas também na política do BNDES de investir na criação de “campeões brasileiros” (transnacionais em setores como alimentos e mineração) – significa reforçar a fórmula de “crescer” na esteira desses grandes grupos econômicos, não se está pondo o país num rumo que, no longo prazo, acabará desfazendo o que se conquistou na última década"?